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Entenda o que está acontecendo no Rio Grande do Sul

Entenda o que está acontecendo no Rio Grande do Sul

Estado sofre com fortes chuvas deste a última terça-feira; El Niño influencia clima.

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Rio Grande do Sul está sendo assolado por fortes chuvas desde segunda-feira (29). O temporal, que deve se estender até a sexta-feira (3), deixou ao menos 29 mortos e afetou 71.306 pessoas até o momento, de acordo com dados divulgados na live do governador Eduardo Leite na noite desta quinta-feira (2). Além da live, a Defesa Civil do Estado divulga boletins diariamente às 9h, 12h e 18h atualizando sobre a situação no estado.


O governador gaúcho, Eduardo Leite (PSDB), afirmou que o “número (de mortos) tende a aumentar muito”. Leite ainda disse que este deverá ser o “maior desastre” do Rio Grande do Sul, superando o de setembro do ano passado, quando 53 pessoas morreram em decorrência da passagem de um ciclone extratropical pelo Estado.

Recorde histórico de chuvas no Rio Grande do Sul

 

Parte do Rio Grande do Sul está sendo atingida por chuvas desde segunda-feira. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em algumas áreas, especialmente na ampla faixa central dos vales, encosta da serra e metropolitana, os volumes passaram dos 150 milímetros (mm) em 24h. 

Até o dia 2 de maio, o Inmet prevê ventos fortes com rajadas acima dos 80 km/h, ocorrência de descargas elétricas, queda de granizo e chuvas ainda volumosas, podendo superar os 200 mm entre o Rio Grande do Sul e o sul de Santa Catarina. 

Para se ter um parâmetro, Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, registrou precipitação acumulada de 174,0 mm ao longo de todo o mês de maio em 2023.

De acordo com a MetSul, empresa geradora de dados sobre meteorologia, os acumulados de chuva em municípios do Centro, Vale do Taquari e Serra passam de 500 mm e 600 mm em vários pontos — cerca de um terço da média anual inteira de precipitação.

O instituto ainda explica que as chuvas têm influência do El Niño. Segundo eles, o fenômeno é responsável por aquecer as águas do Pacífico, ajudar a bloquear as frentes frias e concentrar os sistemas de áreas de instabilidade na altura do Rio Grande do Sul causando chuvas mais intensas.

Rio Grande do Sul decreta Estado de calamidade

 

O governo do Rio Grande do Sul decretou estado de calamidade nesta quinta-feira, por meio do Decreto Nº 57.596. A norma aprovada por Leite tem um prazo de validade de 180 dias. 

Estados ou municípios afetados por desastres naturais precisam decretar estado de emergência ou calamidade pública para que eles possam solicitar recursos federais para o auxílio da população. 

 Corpo de Bombeiros trabalha no resgate e ajuda a moradores de Rio Pardinho — Foto: Lauro Alves/ Secom
Corpo de Bombeiros trabalha no resgate e ajuda a moradores de Rio Pardinho — Foto: Lauro Alves/ Secom 

O estado de calamidade é caracterizado por uma situação anormal, provocada por desastres, causando danos e prejuízos, de acordo com o Decreto nº 7.257, de 4 de agosto de 2010. 

O Rio Grande do Sul categorizou as tempestades como um Desastre Natural de Nível III — quando os danos causados são “importantes” e os prejuízos são “vultosos”, e a normalidade só poderá ser restabelecida por meio de recursos estaduais e federais.

Vítimas

 

A Defesa Civil do estado estima que 71.306 pessoas foram afetadas pelas fortes chuvas dos últimos dias. Ainda de acordo com os dados atualizados divulgados na live desta quinta, 154 municípios foram impactados com as chuvas, 4.645 pessoas estão em abrigos e 10.242 estão desalojados, além de 36 feridos e 60 desaparecidos. Os óbitos, até o boletim das 18h, foram registrados nas seguintes cidades: 

 

  1. Canela (2)
  2. Candelária (1)
  3. Caxias do Sul (1)
  4. Bento Gonçalves (1)
  5. Boa Vista do Sul (2)
  6. Paverama (2)
  7. Pantano Grande (1)
  8. Putinga (1)
  9. Gramado (4)
  10. Itaara (1)
  11. Encantado (1)
  12. Salvador do Sul (2)
  13. Serafina Corrêa (2)
  14. Segredo (1)
  15. Santa Maria (2)
  16. Santa Cruz do Sul (2)
  17. São João do Polêsine (1)
  18. Silveira Martins (1)
  19. Vera Cruz (1)

Ajuda federal

 

Nesta quinta-feira (2), o presidente Lula se reuniu com o governador Eduardo Leite e uma equipe de ministros na Base Aérea de Santa Maria, na Região Central do Estado para discutir uma medida emergencial para a localidade. Na reunião, o governador mostrou os impactos das chuvas no estado e relatou que estão “testemunhando um desastre histórico” e que o foco, neste momento, são os resgates.

No encontro, Leite apresentou um panorama dos efeitos do evento meteorológico e das ações de resgate em andamento — Foto: Maurício Tonetto/Secom
No encontro, Leite apresentou um panorama dos efeitos do evento meteorológico e das ações de resgate em andamento — Foto: Maurício Tonetto/Secom 

Após a reunião, ficou decidida a criação de uma Sala de Situação integrada, sob coordenação do comandante militar do Sul, general Hertz Pires do Nascimento, para organizar as operações de resgate em todas as regiões atingidas do estado. 

A reunião aconteceu após o anúncio feito pelo presidente Lula nesta quarta-feira (1), de que que iria, junto com uma comitiva de ministros, ao Rio Grande do Sul. Em ligação na quarta ao governador gaúcho, o presidente afirmou que o governo federal colocará “quantos homens for necessário para ajudar”. 

 

“Não tem limite. Vamos mandar 60, 90, 100, não tem limite de pessoas para ajudar. Estou pensando em amanhã ir ao Rio Grande do Sul para que a gente possa ajudar de forma efetiva a diminuir o sofrimento desse povo", disse Lula à Leite por telefone.

 

O governo federal vem atuando no estado com ajuda humanitária, além de ter disponibilizado aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) para atender aos atingidos pela enchente no estado. O presidente afirmou nesta quarta que há oito helicópteros FAB que estão à disposição e que ainda não puderam decolar devido ao mau tempo. 

Estradas bloqueadas

 

A chuva causou bloqueios em diversos trechos de rodovias estaduais. Algumas permanecem com bloqueios totais e outras parciais. Entre os motivos para interdições estão pista submersa, queda de estrutura de ponte, queda de barreira, entre outros.

Ponte desabada em santa maria, no Rio Grande do Sul — Foto: Foto: Mauricio Tonetto / Secom
Ponte desabada em santa maria, no Rio Grande do Sul — Foto: Foto: Mauricio Tonetto / Secom 

Segundo a Defesa Civil, não há como divulgar a quantidade exata de rodovias bloqueadas por causa da mudança no cenário constante. Os pontos, porém, são atualizados a cada hora no site da Casa Militar do RS. No site é possível conferir as interdições nas estradas do estado. 

Rompimento da barragem 14 de Julho 

 

Na tarde de quinta-feira (2), o governador do Estado publicou um vídeo nas redes sociais avisando sobre o rompimento da barragem 14 de Julho. 

"Nós recebemos há pouco uma informação do rompimento da ombreira direita da barragem da Usina Hidrelétrica 14 de julho. O efeito não vai ser de uma enxurrada, mas vai ter o curso do rio. A gente buscou fazer todo um trabalho possível para evitar o rompimento, mas com o volume d'água, não conseguimos ter acesso nem com os helicópteros para levar técnicos. Esse rompimento vai ter um efeito de resposta hidrológica, ou seja, de elevação do nível do rio Taquari", disse Leite no vídeo.

Segundo ele, o governo está fazendo esforços para levar helicópteros para a região, mas as condições climáticas não estão permitindo o acesso à localidade. O local já foi evacuado desde ontem, quando surgiu o risco do rompimento. 

Em relação à situação das outras barragens do estado, a Defesa Civil informou que está "verificando a situação".

Cidades afetadas

 

De acordo com o boletim divulgado às 18h desta quinta-feira (2), pelo menos 154 dos 497 municípios foram afetados pelas chuvas dos últimos dias.

Cidades atingidas pelas chuvas no Rio Grande do Sul

Aceguá 
Agudo 
Alegrete 
Amaral Ferrador 
Araricá 
Arroio do Meio 
Arroio do Tigre 
Arroio Grande 
Arvorezinha 
Barão de Cotegipe 
Barra Funda 
Bento Gonçalves 
Boa Vista do Sul 
Bom Jesus 
Bom Retiro do Sul 
Boqueirão do Leão 
Brochier 
Butiá 
Cacequi 
Cachoeira do Sul 
Cachoeirinha 
Camargo 
Campinas do Sul 
Campo Bom 
Campos Borges 
Candelária 
Canela 
Canoas 
Canudos do Vale 
Capela de Santana 
Carlos Barbosa 
Caseiros 
Cerro Branco 
Cerro Grande do Sul 
Chapada 
Ciríaco 
Coqueiro Baixo 
Coronel Pilar 
Cristal 
Cruzaltense 
Cruzeiro do Sul 
Dilermando de Aguiar 
Dom Feliciano 
Dona Francisca 
Eldorado do Sul 
Encantado 
Encruzilhada do Sul 
Erechim 
Erval Seco 
Espumoso 
Estância Velha 
Esteio 
Estrela 
Estrela Velha 
Eugênio de Castro 
Farroupilha 
Faxinal do Soturno 
Fontoura Xavier 
General Câmara 
Gramado Xavier 
Gravataí 
Guaíba 
Guaporé 
Herveiras 
Ibarama 
Igrejinha 
Imigrante 
Itaara 
Itati 
Ivorá 
Jacuizinho 
Jaguarão 
Jaguari 
Jari 
Júlio de Castilhos 
Lagoa Bonita do Sul 
Lagoão 
Lajeado do Bugre 
Lavras do Sul 
Mampituba 
Mariano Moro 
Marques de Souza 
Mata 
Mato Leitão 
Monte Alegre Dos Campos 
Montenegro 
Não-me-toque 
Nova Alvorada 
Nova Bréscia 
Nova Esperança do Sul 
Nova Palma 
Novo Cabrais 
Novo Hamburgo 
Palmeira Das Missões 
Pantano Grande 
Parobé 
Passa Sete 
Passo Fundo 
Paverama 
Pelotas 
Pinhal Grande 
Piratini 
Portão 
Porto Alegre 
Porto Lucena 
Quaraí 
Quevedos 
Relvado 
Restinga Seca 
Rio Pardo 
Roca Sales 
Rolante 
Rondinha 
Salvador do Sul 
Santa Clara do Sul 
Santa Cruz do Sul 
Santa Maria 
Santa Maria do Herval 
Santa Tereza 
Santana da Boa Vista 
Santiago 
São Gabriel 
São Jerônimo 
São João do Polêsine 
São José do Norte 
São Leopoldo 
São Martinho da Serra 
São Paulo Das Missões 
São Pedro da Serra 
São Pedro do Sul 
São Sebastião do Caí 
São Vendelino 
Sapiranga 
Sapucaia do Sul 
Sarandi 
Segredo 
Silveira Martins 
Sinimbu 
Sobradinho 
Tabaí 
Taquara 
Taquari 
Teutônia 
Travesseiro 
Três Arroios 
Três Coroas 
Tucunduva 
Tunas 
Uruguaiana 
Vale do Sol 
Vale Real 
Venâncio Aires 
Vera Cruz 
Viamão 
 

Fonte: Defesa Civil do Rio Grande do Sul

 

Fonte da notícia: Valor econômico.

Imagem da Galeria Reprodução/Instagram/prefeiturademucum
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