Pecém: O ‘Mar de Leva e Traz’ que Mantém Vivas as Memórias e Tradições com Danças à Beira-Mar
No coração da Dança do Coco, o Pecém brilha como uma jóia à beira-mar. Vozes e ritmos entrelaçam-se, trazendo à vida uma tradição centenária enraizada nas ancestralidades negras e indígenas do Nordeste.
Com 94 anos, Francisco Braga Mendes, Mestre Assis, ainda canta letras aprendidas com seu pai pescador. Apesar de não saber ler, ele mantém vivas as poesias e emboladas: “É bonita a brincadeira, é divertida, e nós temos que levar para frente.”
No grupo Dança do Coco do Pecém, Mestre Assis lidera a embolada. Seus primeiros passos foram aos 10 anos, e sua paixão persiste: “Não sei ler, mas coloquei tudo na cabeça e sei das emboladas.”
A tradição é mantida na comunidade do Pecém, em São Gonçalo do Amarante, com ensaios semanais à beira-mar e apresentações em festas regionais.
Adriana Lima, a coordenadora, dá voz aos cantos antigos e às questões contemporâneas, como a igualdade de gênero e a sustentabilidade.
Pedrina Miranda, apaixonada pela dança, destaca os laços familiares e a alegria de dançar. Ela aspira passar essa tradição para as próximas gerações.
Mestre Miranda, aos 81 anos, é uma presença constante nos encontros, onde caixa de som, tambor, triângulo e camisas brancas são a marca do grupo.
Assim, o Pecém continua a pulsar ao som da Dança do Coco, mantendo viva a memória das comunidades à beira-mar e celebrando a tradição que atravessa gerações.