Vacina brasileira contra a Covid-19 entra em fase pré-clínica, mas deve ficar pronta apenas 2022
Mais uma vacina brasileira contra o coronavírus Sars-Cov-2 vai para a fase de estudos pré-clínicos, antes de poder ser testada em humanos. Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) anunciaram nesta quarta-feira (10) o início dos experimentos em cobaias.
"A vacina nacional de Bio-Manguinhos/Fiocruz não chegará ao registro antes de 2022", disse a instituição em um comunicado.
A vacina produzida pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fiocruz é sintética, ou seja, foi feita com "partes" do vírus criadas em laboratório. Os cientistas desenvolveram antígenos para as células B e T do Sars-Cov-2, que são capazes de criar anticorpos para a defesa contra a Covid-19.
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Essas biomoléculas foram descobertas a partir de um modelo feito em computador e já foram testadas "in vitro". Agora, o que os pesquisadores precisam, é validar também seus resultados "in vivo", com os ensaios pré-clínicos.
É somente a partir dos resultados dos estudos pré-clínicos, que os cientistas podem avançar para os estudos clínicos, ou seja com testes em seres humanos, divididos em três fases.
Outras vacinas no Brasil
Na semana passada, pesquisadores da Universidade de São Paulo, que desenvolvem outra forma de imunização, também iniciaram os ensaios pré-clínicos em camundongos. As partículas usadas nesta vacina são induzidas a carregar fragmentos do novo coronavírus e, assim, gerar uma resposta do corpo humano com segurança.
Além disso, dois mil brasileiros participarão dos testes para vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford. A estratégia faz parte de um plano de desenvolvimento global, e o Brasil será o primeiro país fora do Reino Unido a começar a testar a eficácia da imunização contra o Sars-CoV-2.
A busca pela vacina
Para chegar a uma vacina efetiva, os pesquisadores precisam percorrer diversas etapas para testar segurança e resposta imune. Primeiro há uma fase exploratória, com pesquisa e identificação de moléculas promissoras (antígenos).
O segundo momento é de fase pré-clínica, em que ocorre a validação da vacina em organismos vivos, usando animais (ratos, por exemplo). Só então é chegada à fase clínica, em humanos, em três fases de testes:
- Fase 1: avaliação preliminar com poucos voluntários adultos monitorados de perto;
- Fase 2: testes em centenas de participantes que indicam informações sobre doses e horários que serão usados na fase 3. Pacientes são escolhidos de forma randomizada (aleatória) e são bem controlados;
- Fase 3: ensaio em larga escala (com milhares de indivíduos) que precisa fornecer uma avaliação definitiva da eficácia/segurança e prever eventos adversos; só então há um registro sanitário.